O clima está ao rubro, com as “cavalgadas batoteiras” do regime, legitimadas pela ingenuidade (sejamos benevolentes) dos partidos da oposição, acreditarem na força do voto dos cidadãos para lhes garantir o alcance do poder em 2017.
Por William Tonet
Enorme embuste, pelo menos. Daí que, na apatia dos líderes dos partidos políticos e cientes de Angola só se realizar de forma plena, se os métodos das instituições, que se dizem democráticas, forem credíveis, transparentes e imparciais, um grupo de comissários da Comissão Nacional Eleitoral, maioritariamente ligados aos partidos da oposição, imbuídos de sentimento patriótico e constitucional decidiram denunciar e questionar algumas anomalias procedimentais, seguidas pela Comissão Nacional Eleitoral, capitaneada por um juiz, cuja militância de cartão passado, se alega ser do MPLA.
Face à blindagem dos argumentos avocados pelos comissários, eleitorais, o controlo partidocrata, abalado, ao invés da análise, discussão e explicação, passou para intimidação e, pasme-se, com o juiz presidente da CNE a demonstrar um claro desconhecimento do regulamento interno e da Constituição da República, mandando instaurar um inquérito para o qual não tem competência, como se quisesse cercear o direito consignado no art.73.º CRA (Constituição da República de Angola).
Verdade ou mentira, a fraude está a ser minuciosamente orquestrada pelo regime desde 2012 ao ponto da reforma do sistema electrónico eleitoral, estar blindado a visualizações que o denunciem, facilmente.
Depois, desde o Ministério da Administração do Território, às conservatórias de Registo Civil, ao Instituto Nacional de Estatística e à Comissão Nacional Eleitoral, todo este sistema informático está bifurcado na Presidência da República, que é parte eleitoral activa.
Sacanagem electrónica
Finalmente, neste capítulo, temos de reconhecer a maestria da batota, da fraude e sacanagem alojada na Comissão Nacional Eleitoral, por quem tem medo da transparência e do sufrágio universal, livre e justo, na lógica de perpetuação no poder, arregimentando, ao longo dos tempos: partido único (1975-1991) e pseudo democracia (1992-2016), as lianas das instituições e órgãos públicos, dirigidos exclusivamente por dirigentes e militantes consequentes do partido no poder.
Quanto à oposição e independentes contentam-se com as migalhas de poderem ir falando, por vezes, em alguns órgãos públicos, passando somente as partes que o regime gosta de ouvir e nos privados, mas fora da órbita daquele, com espaço bastante confinado. Era hora de fazer política séria como fazem os jovens revolucionários, única esperança de vitalidade, para a maioria dos povos discriminados.